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Segunda-feira, 6 de outubro de 2014

Criando um clima de inovação na sua empresa

Inovação, todos querem ter, poucos sabem como fazer. Relaciono abaixo algumas medidas simples que podem fazer a diferença para estimular os funcionários a contribuir de forma espontânea com ideias para melhorar um processo, resolver problemas, reduzir custos, promover melhorias ou gerar algum benefício ou impacto positivo na empresa e nos negócios. 1) Recompensas. Não precisa pensar em um enorme orçamento para premiar as pessoas que trazem boas ideias. Basta entregar a elas o que elas acham importante. Muitas vezes, pagar um jantar para um funcionário e sua família no restaurante mais chique da cidade representa, para ele, muito mais valor do que o custo do jantar em si. Lembre-se, o que é importante para uns, pode não significar nada para outros, por isso, conhecer as pessoas é importante para entregar o prêmio certo. 2) Hierarquias. As diferenças hierárquicas podem ser minimizadas com simples mudanças na configuração de layout da empresa, mesclando as pessoas com a diretoria no mesmo espaço físico. Pode ser difícil para os diretores e gerentes aceitarem, mas os benefícios em termos de fluxo de ideias e informações com aqueles que tem o poder de fazer estas mudanças acontecerem compensam em muito alguns dissabores pessoais. 3) Cooperativismo. Procure estimular a formação de equipes para algumas atividades ou projetos. Se a atividade permitir, a mescla de pessoas com perfis diferentes, seja de formação, origem social, idade ou departamento, costumam ser muito ricas em termos de criação de cultura de cooperação e ajuda mútua. Quando as pessoas se ajudam as ideias evoluem de forma natural e espontânea e aumentam suas chances de serem implantadas com sucesso. 4) Capacitação. Também não é necessário gastar grandes volumes de dinheiro para dar treinamento para as pessoas. Muito do processo de formação e capacitação pode ser realizado pelos próprios funcionários, seja através de workshops de trocas de práticas até programas corporativos de mentoria interna ou programas de imersão interdepartamentais, onde alguns funcionários passam algum tempo trabalhando em outros departamentos com os quais tem contato normalmente, para entender o contexto do seu trabalho sob o ponto de vista de outra área. Este é um processo muito importante para ajudar a identificar oportunidades de melhoria. 5) Confiança. As pessoas precisam sentir que as lideranças confiam no trabalho e nas iniciativas delas. Em ambientes em que a desconfiança impera, as pessoas não acreditam que suas ideias sejam valorizadas ou que não serão penalizadas se sua iniciativa não trouxer os resultados esperados. 6) Tempo discricionário. Resista à tentação de julgar as pessoas pela sua aparente ociosidade. Existe um paradigma no meio organizacional que o funcionário, para honrar o que ganha, precisa estar ocupado fazendo alguma coisa o tempo todo, por isso são massacrantes as metas e funções em uma empresa. Ter uma folga no trabalho é importante porque este tempo pode ser usado para o funcionário refletir melhor sobre o seu trabalho, explorar possibilidades, rever todo o processo, ter uma visão do todo e, eventualmente, vir com ideias de melhoria que surgem naturalmente neste tempo ‘ocioso’. 7) Comunicação. Existem muitas medidas simples que podem melhorar o fluxo de informações na empresa, desde uma intranet corporativa até quadros de aviso prestam a este fim com investimento mínimo. Saber o que acontece na empresa ajuda o funcionário a posicionar o seu trabalho em relação ao negócio e, acima de tudo, permite que as pessoas possam identificar oportunidades para fazer algo diferente para melhorar algo que só puderam perceber com mais dados e informações. 8) Riscos controlados. É preciso ser tolerante para aceitar tentativas bem intencionadas de mudar alguma coisa na empresa para gerar algum impacto positivo. Toda inovação parte do pressuposto que é inédito e, portanto, não foi testado antes e não há garantia que vá dar certo. É claro que não se deixa um funcionário testar coisas críticas como pousar um avião ou construir uma ponte, mas o risco tolerado pode ser dosado de acordo com a probabilidade e o impacto. Em algum momento será possível criar um ambiente mais protegido para separar o que deve ser produtivo do que pode ser experimentado. 9) Burocracia. Muitos dos controles e processos rígidos que acontecem na empresa são para garantir que as pessoas estejam fazendo o que se espera delas para que, no geral, a eficiência dos processos seja estabelecida de forma contínua. O problema é que estes mesmos controles também impedem ou dificultam a experimentação de técnicas e mudanças na rotina que possam gerar melhores resultados. É preciso saber quando uma regra pode ou merece ser quebrada, é preciso perceber quais funcionários merecem ser tratados em regime de exceção para dar vazão a boas ideias. 10) Ambiente. Com pouco investimento é possível formar um ambiente propício para o trabalho cooperativo e criativo. Remoção de baias e divisórias, permitindo que as pessoas vejam umas às outras facilita a comunicação informal e agiliza processos. A valorização de espaços sociais como o fumódromo ou o cafezinho estimulam o contato e a troca de ideias e informações. Decoração mais informal, leve e clara, estimula a criatividade e a informalidade. Por fim, a criação de um clima favorável à inovação não se cria de uma hora para outra. É preciso tempo para que as pessoas incorporem as medidas adotadas e vão se acostumando com a nova atitude das pessoas, principalmente da chefia, aqueles que devem começar a mudar a atitude. É preciso paciência e compromisso com esta nova visão. Os resultados iniciais não são rápidos e não necessariamente positivos, mas servem para entender o que precisa de ajuste ao longo do tempo. Apesar disto, o esforço costuma valer a pena. A própria motivação das pessoas melhora o clima como um todo, não só para a inovação, mas para a produtividade também. No final das contas, logo se percebe que um clima de inovação não é muito diferente de um bom clima de trabalho.

Marcos Hashimoto

Marcos Hashimoto Gestão de Negócios

Mestre em Administração pela EAESP/FGV, sócio-diretor da Lebre Consulting, Professor e Pesquisador da Business School São Paulo, Coordenador da Pós Graduação em Empreendedorismo no Uirapuru Superior, membro do Centro de Empreendedorismo da EAESP/FGV, colunista da Você S/A, foi executivo no Citibank e na Cargill Agrícola. É um dos autores do software de Plano de Negócios SP Plan da parceria Sebrae-SP/Fiesp, parceiro do Instituto Chiavenato, Instituto Empreender Endeavor e Instituto Brasileiro de Intra-Empreendedorismo.

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