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Segunda-feira, 3 de agosto de 2015

Cresça, mas não Apareça! (Liderança)

Uma pequena torre se destaca na paisagem de Istambul: Gálata, de onde decolou, em pleno século XVII, o primeiro homem voador de que se tem registro. Hezarfen Ahmed Celebi, usando o que seriam as precursoras das asas-deltas, pousando são e salvo depois de voar por mais de 3 quilômetros. Entre os muitos expectadores da proeza de Celebi, estava o sultão Murad Kahn, conhecido como Murad IV, que de sua mansão observou o feito inédito e também o efeito que ele causava na plateia. O primeiro pensamento de Murad foi de premiá-lo com um saco de moedas de ouro pelo feito inédito, contudo, seu segundo pensamento já não era tão dourado quanto o primeiro. Concluindo ser Celebi um homem muito criativo, corajoso e muito querido pelo povo, entendeu ser muito perigoso mantê-lo por perto, então, pouco depois de presenteá-lo, o sultão o exilou na Argélia, onde desgostoso, morreu. Um líder que não compreende qual é a essência da liderança, tampouco conseguirá entender o seu papel na jornada do desenvolvimento daqueles que lidera, tornando-se naturalmente uma “tampa de panela”, permitindo que as pessoas cresçam desde que não apareçam, ou pelo menos, que não “apareçam” mais do que ele. Em minha jornada de desenvolvimento de líderes, já ouvi perguntas bem interessantes como essas: “Qual é a vantagem de investir no desenvolvimento dos liderados, se depois de muito esforço e trabalho eles ficam bons, são promovidos e deixam a minha área? Aí então eu tenho que começar tudo de novo com outra pessoa! Existe algum sentido em dedicar tempo no desenvolvimento de alguém que tem grande chance de me ultrapassar na hierarquia, ou até mesmo tornar-se o meu chefe no futuro?” O que você responderia? Sua resposta certamente dependerá de quanto você compreende sobre “liderar pessoas”. Quem já leu meu livro “Coração de Líder – A Essência do Líder-Coach” sabe que pra mim, “Liderança é a habilidade de influenciar e inspirar pessoas, servindo-as com amor, caráter e integridade, para que vivam com equilíbrio e trabalhem com entusiasmo em direção a objetivos e resultados legítimos, priorizando a formação de novos líderes e a construção de um futuro melhor”, e que por isso, mais importante do que pensar nas vantagens que uma posição de liderança pode trazer para o próprio líder, é empenhar-se em buscar o bem-estar daqueles que lidera, caso contrário, as pessoas podem até obedecê-lo, mas dificilmente o seguirão. Por isso, geralmente minha resposta é mais ou menos assim: “A vantagem é que agindo assim, ajudando as pessoas a se tornarem o melhor que elas podem ser, você estará cumprindo o papel para o qual foi designado e, principalmente, estará realizando o propósito para o qual você, eu e todo ser humano foi criado: ajudar o próximo. E consequentemente, por estar no centro do seu propósito como ser humano, você se tornará uma pessoa mais completa, feliz e realizada”. A principal razão da existência de um líder são os seus liderados; é por eles e para eles que a liderança existe e acontece, portanto, é preciso substituir a pergunta: “Quais as vantagens que a liderança pode trazer para mim?” por “Qual é a vantagem que a minha liderança pode trazer para as pessoas? Qual é a vantagem das pessoas em ter-me como seu líder?”. Já pensou como seria o Brasil se os nossos governantes fizessem isso? Que tal então começarmos essa mudança pela nossa casa, nosso departamento, nossa empresa, nosso bairro? Juntos nós podemos fazer a diferença!

Marcos Fabossi

Marcos Fabossi Liderança

Marco Fabossi é Conferencista, Escritor, Consultor, Coach Executivo e Coach de Equipe, com foco em Liderança. Sócio-diretor da Crescimentum – Alta Performance em Liderança, que tem como missão: “Construir um mundo melhor, transformando pessoas em líderes.

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