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Segunda-feira, 9 de maio de 2016

Coisas x Pessoas (Liderança)

Saindo apressada do supermercado, Ana Maria, com seu filho no colo, sentiu um puxão na barra da calça. Assustada, olhou para baixo e viu uma senhora sentada no chão, com a mão estendida.

Em meio a uma mistura de sobressalto e irritação, Ana Maria, em tom ríspido, disse que não tinha nada para oferecer. A senhora, mantendo a expressão calma, respondeu:

– Pode me dar pelo menos um sorriso?

Vários estudos indicam que o sucesso de qualquer organização depende, em números aproximados, 20% de COISAS (Gestão) e 80% de PESSOAS (Liderança), ainda que a principal atividade da organização esteja relacionada a aspectos técnicos, como empresas de engenharia e tecnologia, por exemplo.

E apesar dessa constatação, muitas organizações continuam empregando a maior e melhor parte de seus esforços e energia às COISAS, deixando as PESSOAS em segundo plano, tornando-se cada dia mais frágeis, vulneráveis e insustentáveis.

Vivemos num mundo tão atribulado, com tantas COISAS pra fazer e resolver, com tantas cobranças e resultados pra entregar, que às vezes nos esquecemos de que PESSOAS são mais importantes que COISAS.

COISAS se controlam, PESSOAS se relacionam, portanto, se quiser ser bem-sucedido no papel de gestor, estabeleça e atinja metas, planeje e controle despesas e receitas, crie regras e processos, estabeleça a infraestrutura necessária para a realização do trabalho, defina indicadores de desempenho, acompanhe os resultados, enfim, controle bem as COISAS.

Não se esqueça, contudo, que, além de gestor, você também tem (ou deveria ter) o papel de líder e, portanto, é sua responsabilidade olhar para as PESSOAS como PESSOAS (e não apenas como recursos para a conquista de resultados), e zelar pelo bem-estar, desenvolvimento, motivação e engajamento delas na busca de melhores resultados, porque, quando você deixa de assumir este papel, será naturalmente levado a tentar controlar essas PESSOAS como se fossem COISAS, usando seu poder de gestor para força-las a fazer o que você quer que seja feito, já que sua autoridade e legitimidade como líder não serão suficientes para inspirá-las, motivá-las e engajá-las.

Isso pode até funcionar por algum tempo, mas não se engane, no médio e longo prazo, os números e resultados, ainda que positivos, estarão acompanhados de PESSOAS estressadas, infelizes, desmotivadas, desengajadas e improdutivas, ainda que tenham salários e benefícios justos.

Por isso, não espere que a sua organização crie condições pra que você tenha mais tempo para as PESSOAS, ou que o RH disponibilize novas ferramentas pra você desenvolvê-las.

Você é responsável por colocar gente na agenda, conhecer melhor as PESSOAS, aproximar-se delas, demonstrar interesse por elas, entender suas expectativas, desafiá-las, ouvi-las, treiná-las, empoderá-las, desenvolvê-las por meio de feedbacks honestos, respeitosos e assertivos, e ajuda-las a se tornar o melhor que podem ser.

Procure ser um bom gestor, alguém que controle bem as COISAS, mas não se esqueça que as PESSOAS também anseiam por um bom líder, que busque diminuir o controle e aumentar a confiança.

Um Grande Abraço, Marco Fabossi

Marcos Fabossi

Marcos Fabossi Liderança

Marco Fabossi é Conferencista, Escritor, Consultor, Coach Executivo e Coach de Equipe, com foco em Liderança. Sócio-diretor da Crescimentum – Alta Performance em Liderança, que tem como missão: “Construir um mundo melhor, transformando pessoas em líderes.

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