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Quinta-feira, 12 de junho de 2008

Anatomarketing: Crescer ou Morrer

Vez ou outra costumo comparar uma empresa a um ser humano, que de uma fecundação nasceu, cresceu e, certamente, morrerá um dia. Ao estudo comparativo do organismo humano com o organismo empresarial eu chamo de Anatomarketing, se o leitor me permite o neologismo.

Não vou aqui discutir a fase embrionária e o nascimento da empresa, pois isso acontece segundo as regras próprias de seus genitores. Também vou tentar evitar falar sobre a mortalidade empresarial (que nesses últimos anos tem se mostrado tão ativa), até porque, além do assunto não ser lá tão agradável, teria que me enveredar por caminhos filósoficos, sociológicos e, porque não dizer, teológicos. Gostaria, então, de tratar do crescimento da empresa, um tema muito discutido, atualmente.

Como todo ser orgânico, a empresa precisa suprir seus órgãos internos de elementos que a façam sobreviver, como o ar e a alimentação imprescindíveis aos seres humanos.

O que todo administrador deve saber é que a empresa, durante toda sua vida, precisa do mesmo ar para continuar respirando, mas seus hábitos alimentares se modificam com o tempo, segundo suas necessidades. Considero que o ar da empresa é o seu faturamento. Sem ar, não existe vida. Sem dinheiro, a empresa não sobrevive.

Entretanto, quando falamos em alimentação, podemos dizer que a empresa não será saudável se ficar a vida inteira comendo a papinha que recebia dos seus genitores quando no início de seus dias. Tampouco sobreviveria se as pesadas comidas que seu organismo necessita na vida adulta fossem ingeridas na fase lactente.

Quando falo sobre alimentação da empresa, refiro-me a tudo que traz a energia necessária para sua estrutura interna: mão-de-obra quantificada e qualificada e recursos tecnológicos e operacionais específicos.

Na fase lactente, quase nenhuma empresa comporta um número de funcionários acima do normal, funcionários altamente qualificados, a última palavra em recursos tecnológicos e um perfeito sistema operacional. São "alimentos" que a empresa só vai poder provar em gênero, número e grau com o passar dos anos, e na medida em que seu organismo for despertando tais necessidades. Mesmo assim, existem empresários que insistem em dar à empresa aquilo que ela ainda não precisa. É por isso que vemos empresas pequenas, mas obesas (com excesso no número e qualificação do pessoal, por exemplo) a ponto de não conseguir mais respirar direito (lembra que o ar é o faturamento?).

Por outro lado, quando a necessidade de uma alimentação mais específica é identificada, é preciso investir nessa alimentação. Alguns empresários costumam protelar e o resultado é uma empresa debilitada, que respira bem (por enquanto!), mas tudo que faz, o faz com dificuldade: pensar (administração), falar (promoção), manusear as mãos (produção), andar (distribuição), etc. Dá para se ter uma idéia do que pode acontecer com uma empresa assim? (Ops... Prometi não falar sobre assuntos funestos!)

A conclusão que se chega é que, quando a empresa está em fase de crescimento, não se pode impedir tal condição. Faz parte de sua natureza e, portanto, é preciso incentivar esse processo, por mais que se fale em crise, em dificuldades. Impedir o crescimento de uma empresa é determinar o início de seu fim.

A insegurança dos "paizões" (os empresários) é natural, principalmente na fase adolescente da empresa, quando ela se prepara para alçar vôo livre e o empresário se vê obrigado a tomar consciência que sua "filhona" (a empresa) já pode sobreviver sem sua ajuda e orientação.

Mas não se pode fechar os olhos para esta realidade, mesmo que dura. Se for preciso investir em inovações na mão-de-obra e em recursos, que assim seja (dentro dos limites do bom senso, claro!). Senão, a empresa fica sujeita às mais variadas doenças: da insanidade mental à perda de um de seus órgãos. Daí para a morte é apenas questão de tempo.


Edson Ricardo Goulart

Edson Ricardo Goulart Marketing

Administrador e Consultor de Empresas, Publicitário e Palestrante na área de Gestão Empresarial, já prestou serviços de Comunicação, Marketing e Qualidade para empresas de renome como Grupo Lorenzon, Starrett, Grupo Maggi, Cervejaria Schincariol e Grupo Gandini. Atualmente, é consultor de empresas de Tecnologia da Informação, como APP, Dual, Gecont, Informa, Shift, Trans Sat e a associação que reúne os profissionais e as empresas do setor em São José do Rio Preto/SP, a Apeti.

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