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Quinta-feira, 12 de junho de 2008

Cuide bem do seu sobrenome profissional

É interessante como o ser humano organiza-se em sociedade. Antes mesmo de o homem assumir sua postura bípede, seu meio social foi determinado por limites familiares ou tribais muito bem definidos. Claro que, nem toda cerca é limitante, se é que o leitor me entende... Mas a verdade é que até hoje o homem define seus territórios sociais em função de suas comunidades: países, cidades, etnias, times de futebol, escolas de samba e outras preferências ou condições culturais.

A empresa também é um “território” social, mas destaca-se por ter duas características muito mais próximas do primeiro e mais legítimo grupo social a que pertencemos: nossa família. Em primeiro lugar, é o grupo social que passamos seguramente a maior parte de nossa vida. Por outro lado, oferece-nos um sobrenome, tal como o que identifica nossos familiares.

Na medida em que o tempo passa, assumimos cada vez mais o sobrenome da empresa. “Oi, aqui é o João, da empresa ABC”, identifica-se o funcionário. O “João da ABC” deixa de ser o “João da Silva”, no momento em que interpreta seu papel profissional.

Ter um “sobrenome profissional” significa muito mais do que ter um emprego. Significa integrar-se numa outra família, ter irmãos, sentir orgulho das conquistas comuns e defender essa comunidade.

Infelizmente, muita gente abre mão dessa condição natural em nome do benefício próprio, esquecendo-se que, se tem um sobrenome, tem uma relação de dependência. Vemos muito claramente posturas egoístas no atendimento ao cliente. Você certamente já deve ter se deparado com profissionais (ou pseudo-profissionais, em minha opinião!) cochichando ao pé do seu ouvido que um colega (irmão) não faz bem determinada tarefa, ou ainda, que a empresa (família) é deficiente nesse ou naquele aspecto. Já vi até os proprietários (ouso chamá-los de “pais profissionais”) reclamarem para os clientes: “Ai, essa menina não faz nada direito, mesmo”... Prefiro nem aprofundar-me nos comentários sobre o resultado dessas atitudes nada éticas. Todos conhecemos o prejuízo! São atitudes de promoção pessoal que, ao invés de atrair o cliente para si, muitas vezes o afasta da empresa.

Antes da promoção pessoal, prefira o marketing institucional. É importante deixar claro que o que pode parecer uma bandeira meramente romântica, do tipo “precisamos nos unir”, tem um desdobramento técnico muito mais relevante do que o próprio discurso. Defender os membros de sua família profissional não causa um impacto positivo apenas nas aparências, diante do mercado. Uma ação como a de contornar um erro do colega perante um cliente, por exemplo, desencadeia uma série de ações positivas internas, desde a detecção do erro até a blindagem dos processos para se evitar a repetição do erro. Se durante todo esse desdobramento houver respeito e profissionalismo, todos aprendem e aprimoram sua bagagem profissional. Ganha quem errou, pois aprende; ganha quem detectou o erro, pois aprimora seus sentidos profissionais; ganha a equipe, que aprende com o erro alheio; ganha a empresa, que melhora seus serviços; e ganha o cliente, que recebe produtos (bens ou serviços) cada vez melhores e sente-se mais seguro tendo como fornecedora uma empresa profissional e ética.


Edson Ricardo Goulart

Edson Ricardo Goulart Marketing

Administrador e Consultor de Empresas, Publicitário e Palestrante na área de Gestão Empresarial, já prestou serviços de Comunicação, Marketing e Qualidade para empresas de renome como Grupo Lorenzon, Starrett, Grupo Maggi, Cervejaria Schincariol e Grupo Gandini. Atualmente, é consultor de empresas de Tecnologia da Informação, como APP, Dual, Gecont, Informa, Shift, Trans Sat e a associação que reúne os profissionais e as empresas do setor em São José do Rio Preto/SP, a Apeti.

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