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Quinta-feira, 12 de junho de 2008

Eucaliptos, bonsais e bambus

O cotidiano profissional revela facetas de nossa personalidade que por vezes nem nós conhecemos com tanta clareza. No relacionamento com os colegas, à frente de uma equipe de trabalho ou diante de desafios, estabelecemos condutas que revelam se somos eucaliptos, bonsais ou bambus.

A grande diferença que se pretende ressaltar entre os três vegetais está em sua postura diante das influências externas. O eucalipto cresce rápido e, salvo alguma vulnerabilidade em seu primeiro ano de vida, torna-se uma árvore imponente em pouco tempo. O eucalipto é conhecido por saber aproveitar com eficiência os recursos hídricos, valendo-lhe até o falso mito de que suas florestas sugam rios e secam o solo.

O bonsai pode ser qualquer árvore que se sujeite à manipulação humana para transformá-la em árvore-anã. A paciência oriental desenvolveu técnicas de poda e molde (que seus adeptos chamam de “educação” dos galhos) para esculpir tais plantas, dando-lhes características ornamentais exóticas.

E o bambu, um primo do capim com altura de árvore, está presente no mundo todo, independente das condições climáticas, de solo e de relevo.

Costumo dizer que temos muitos eucaliptos, muitos bonsais e poucos bambus no ambiente organizacional. Os eucaliptos, sempre duros, não se importam com as influências externas. Podá-lo é difícil, moldá-lo, quase impossível. Envergar seu tronco, só mesmo os ventos de um furacão, a não ser que lhe falte água, o seu calcanhar-de-aquiles!

Já os bonsais corporativos são muito maleáveis, ao contrário dos eucaliptos. Basta um pouco de paciência e habilidade para moldá-los conforme seu desejo. Mas o bonsai precisa sempre de um dono! Senão, deixa de ser uma árvore-anã ornamental para se transformar numa aberração da natureza, com galhos tortos e sem direcionamento.

Os bambus, por sua vez, não são nem duros, nem maleáveis... são flexíveis! Adaptam-se facilmente às condições, sem sair de seu eixo. Talvez o segredo esteja em seu planejamento de vida: o bambu-chinês, por exemplo, fica 5 anos sob a terra para só depois crescer e atingir imponentes 25 metros de altura. E sempre com a mais competente flexibilidade.

As organizações não precisam de eucaliptos, duros e arredios. Tampouco de bonsais, tão obedientes que abrem mão de sua própria natureza. As organizações precisam de bambus, flexíveis, mas que sabem manter sua estrutura, pacientemente planejada. É certo que, às vezes, temos que interpretar um ou outro papel, sob determinadas circunstâncias... Mas isso é ser bambu!

Certamente temos, em todas as florestas corporativas, exemplares de todas as espécies. Porém, antes de olhar em volta à procura de eucaliptos e bonsais, convido você a refletir sobre si mesmo. O privilégio de sermos humanos é podermos mudar, adaptando nossa natureza às condições que queremos. Se você é um eucalipto ou um bonsai, pense na possibilidade de se transformar num bambu... sempre é tempo de melhorar!


Edson Ricardo Goulart

Edson Ricardo Goulart Marketing

Administrador e Consultor de Empresas, Publicitário e Palestrante na área de Gestão Empresarial, já prestou serviços de Comunicação, Marketing e Qualidade para empresas de renome como Grupo Lorenzon, Starrett, Grupo Maggi, Cervejaria Schincariol e Grupo Gandini. Atualmente, é consultor de empresas de Tecnologia da Informação, como APP, Dual, Gecont, Informa, Shift, Trans Sat e a associação que reúne os profissionais e as empresas do setor em São José do Rio Preto/SP, a Apeti.

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