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Quinta-feira, 12 de junho de 2008

Socorro! O presidente sumiu!

O que aconteceria se, num belo dia, os funcionários de uma empresa descobrissem que seu presidente ou diretor sumiu? Indubitavelmente, todos os funcionários deixariam vir à tona suas características mais profundas de personalidade.

Os primeiros a manifestarem seus sentimentos seriam os rebeldes míopes, aqueles que fazem a festa quando o presidente some. Acham-se espertos, sabotando a empresa com desídia e bradando aos quatro cantos seus ínfimos gritos de liberdade. Míopes, por não enxergarem o papel social que toda empresa tem numa sociedade (quer ela própria queira ou não) e o quanto sua rebeldia é prejudicial para si e para seus colegas.

Aos poucos, identificaríamos também os discípulos de Luka. Estes simplesmente balançam os ombros enquanto o circo pega fogo. Clientes podem reclamar, xingar... Colegas se desesperar... O mundo pode cair e eles não deixam de entoar o refrão de seu ídolo: “Tô nem aí, tô nem aí...” (com todo o respeito à cantora).

Em meio aos corredores dessa empresa órfã de presidente, encontraríamos os desesperados, correndo de um lado para o outro gritando “O presidente sumiu! O presidente sumiu!”. Cena hilária! Ao final do dia, cansados, veriam que não fizeram nada a não ser correr e gritar. Afinal, para eles, nada se pode fazer sem a ordem do presidente...

Procurando com cuidado, encontraríamos, finalmente, alguns poucos funcionários pendurados em telefones e computadores, despontando-se como verdadeiros líderes.

Cientes da necessidade de sobrevivência da empresa e de todos que dela dependem, estes chamam para si as responsabilidades, assumindo o papel gerencial em sua mais profunda essência: a decisão, com todo o seu peso. Estes são os que decidem e tomam a iniciativa enquanto uns gritam e outros nada fazem. Conhecem o terreno onde pisam, sabem calcular o impacto de suas decisões e ousam abrir mão de seus próprios interesses em prol do coletivo.

Soube que num dos corredores da matriz da 3M, conhecida fabricante mundial de utilidades domésticas e corporativas, um cartaz lembrava seus funcionários da filosofia da empresa em estimular a iniciativa: “É melhor pedir perdão a pedir licença”. Ou seja, vale mais a pena encarar os desafios e assumir certas responsabilidades, mesmo que ferindo as normas, do que esperar “o presidente aparecer” para pedir-lhe licença.

É isso o que se espera de bons funcionários (não confunda com os famigerados puxa-sacos!). E é isso, também que o mundo corporativo espera das empresas. Essa filosofia de inovação, de autonomia com responsabilidade, de decisão com riscos calculados, de competência desde o pensar até o fazer.

Por isso, deixo aqui alguns questionamentos. Se você é presidente de uma empresa (obviamente não de uma micro-empresa), o que aconteceria se você sumisse? E, se você é funcionário de uma empresa e seu presidente sumisse, quem, das figuras citadas, seria você?...


Edson Ricardo Goulart

Edson Ricardo Goulart Marketing

Administrador e Consultor de Empresas, Publicitário e Palestrante na área de Gestão Empresarial, já prestou serviços de Comunicação, Marketing e Qualidade para empresas de renome como Grupo Lorenzon, Starrett, Grupo Maggi, Cervejaria Schincariol e Grupo Gandini. Atualmente, é consultor de empresas de Tecnologia da Informação, como APP, Dual, Gecont, Informa, Shift, Trans Sat e a associação que reúne os profissionais e as empresas do setor em São José do Rio Preto/SP, a Apeti.

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