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Quinta-feira, 12 de junho de 2008

Competência Espasmódica

Certo dia, durante uma conversa com meu amigo Tim, desabafávamos sobre as dificuldades para sermos competentes quando dependemos de outros profissionais, muitas vezes, não tão comprometidos. É fato: muitas de nossas atribuições são inter-relacionadas com o trabalho de outras pessoas. Quando fazemos a nossa parte, mas a outra pessoa não, ficamos à mercê de seu tempo, disponibilidade ou até mesmo vontade! E a missão a ser cumprida... continua “a ser” cumprida! Vale dizer que muita gente também depende das nossas atribuições. Ninguém, no mundo moderno, é tão auto-suficiente que esteja livre dessa rede de trabalho.

Durante nossa conversa, o Tim usou uma expressão que me chamou a atenção: lamentando a lentidão de certos projetos, afirmou haver, por parte de alguns elementos da rede de trabalho, o que chamou de “espasmos de participação”. A criativa e engraçada definição do Tim dá um tom bem-humorado a uma tragédia organizacional. A competência espasmódica de certos profissionais é talvez até mais prejudicial que a incompetência permanente. Explico: imagine que você precisa terminar um determinado projeto que dependa de um profissional que, por um motivo ou outro, não poderá ajudá-lo... Se você é realmente comprometido com resultados e sabe da situação antecipadamente, não hesitará em resolver o problema de outra forma, redirecionando a tarefa para outro profissional, realizando você mesmo ou até adequando o projeto a essa circunstância. Agora, imagine a mesma situação, mas na dependência de um competente espasmódico. O que acontece? Ele jura por todos os santos que entregará sua parte a tempo. E você... acredita! Bem, o final da história você já sabe...

Entretanto, antes que você já comece a vasculhar em sua memória figuras familiares para identificá-los com a situação, vamos aqui fazer justiça: não atribua o título de competente espasmódico ao profissional que, vez ou outra, perde o controle das coisas e não consegue a tão sonhada competência permanente! Afinal, quem de nós já não passou por momentos assim? Muitos profissionais atravessam turbilhões e não podem ser julgados pelo momento, pelo “estar assim”. Quem tem competência espasmódica está mais para o “ser” do que para o “estar”. É aquele famoso “enrolão”, que normalmente é caracterizado pelo bordão “quando faz, faz bem”. Olha-se no espelho e se gaba pelo que “faz”, sem ouvir o clamor dos colegas que só o caracterizam pelo “quando faz”.

Creio que existam duas grandes qualidades nos profissionais da atualidade: uma, é saber fazer; a outra, é fazer! Quem tem espasmos de participação, não tem comprometimento, não assume responsabilidades, não respeita os colegas da rede de trabalho... e não faz! Um dia, será reconhecido por não fazer falta no grupo. Outro dia, por atrapalhar o grupo!

Ter competência é fazer bem feito. Ter competência permanente é fazer bem feito e no tempo esperado. Ter competência espasmódica é meramente saber fazer... Agora, pense: do que as empresas precisam? E você? Qual competência tem?


Edson Ricardo Goulart

Edson Ricardo Goulart Marketing

Administrador e Consultor de Empresas, Publicitário e Palestrante na área de Gestão Empresarial, já prestou serviços de Comunicação, Marketing e Qualidade para empresas de renome como Grupo Lorenzon, Starrett, Grupo Maggi, Cervejaria Schincariol e Grupo Gandini. Atualmente, é consultor de empresas de Tecnologia da Informação, como APP, Dual, Gecont, Informa, Shift, Trans Sat e a associação que reúne os profissionais e as empresas do setor em São José do Rio Preto/SP, a Apeti.

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