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Quinta-feira, 12 de junho de 2008

A Geometria das relações interpessoais

No início de minha experiência gerencial, por diversas vezes “quebrei a cara” tentando manter a coesão das equipes de trabalho com as quais dividi meu cotidiano profissional. Em minha ingenuidade, temperada com uma superdosagem de perfeccionismo, achava que todos deveriam ser iguais para que uma equipe funcionasse corretamente. Não conseguia trabalhar a miscelânea de personalidades que compunham o grupo.

Então, num dia de profundo auto-questionamento sobre minhas qualidades de líder, fiz algum desabafo gráfico no risque-rabisque de minha mesa e comecei a entender a mágica das relações interpessoais. Tudo tinha explicação na Geometria. Desenhei figuras geométricas diferentes e me vi diante da equipe. Era isso! Eu tinha que respeitar as diferenças individuais e transformar o grupo num mosaico eficiente.

Num grupo social, seja profissional ou não, sempre identificamos “figuras” tradicionalmente conhecidas. Tem aquele mais “quadrado”, que se apega às antigas formas de conduta. Tem aquele “circular”, que gira, gira, gira e volta sempre ao mesmo ponto. Tem o “poligonal”, com tantos lados de facetas funcionais que daria inveja a qualquer icoságono (polígono com vinte lados). Tem até os que formam os “triângulos” de conspiração...

Enfim, achava que meu papel era encaixar uma figura à outra da melhor forma possível. Cometi, então, meu segundo engano: as peças não deveriam se encaixar, mas sim, se sobrepor umas às outras, criando áreas de interseção. A área de interseção é exatamente o ponto onde ocorre o relacionamento interpessoal. É nessa área que as personalidades das figuras envolvidas se encontram. Aí podem ocorrer os conflitos, mas também as boas idéias, a sinergia de trabalho e a evolução coletiva.

Em qualquer grupo de pessoas é preciso considerar as áreas de interseção. Precisamos ter plena consciência de que, numa relação profissional, social ou familiar tanto nossa “figura” como a de nosso semelhante são igualmente “invadidas” em certa área. E quanto mais intensa essa relação, maior a área de interseção.

Assim, creio numa forma prática de harmonizar essa relação. Imagine duas figuras em interseção: você e eu. Quantas áreas vemos nessa situação? A resposta é, obviamente, três: duas áreas de não-interseção (a sua e a minha) e uma área de interseção. Se conseguirmos ver que existem três figuras (pessoas) nessa relação, tudo fica mais fácil: você, eu e “nós”. Isso significa dizer que no momento da formação dessa terceira pessoa, necessariamente deixamos de ser nós mesmos, abrindo mão de nossos valores e conceitos para criar outros, em nome do “nós”.

Isso também vale para resolver impasses comuns entre opiniões divergentes. Imagine que você acha que algo tem que ser azul e eu acho que tem que ser amarelo. Se não considerarmos essa terceira pessoa, ficaremos eternamente polarizados entre o azul e o amarelo e não usamos nossa criatividade para criar o verde, por exemplo.

Assim, seja qual for sua figura ou a de seu semelhante, sempre existirá uma área de interseção. Cabe a cada um contribuir para que a figura formada pela interseção seja o resultado de uma rica e produtiva relação.


Edson Ricardo Goulart

Edson Ricardo Goulart Marketing

Administrador e Consultor de Empresas, Publicitário e Palestrante na área de Gestão Empresarial, já prestou serviços de Comunicação, Marketing e Qualidade para empresas de renome como Grupo Lorenzon, Starrett, Grupo Maggi, Cervejaria Schincariol e Grupo Gandini. Atualmente, é consultor de empresas de Tecnologia da Informação, como APP, Dual, Gecont, Informa, Shift, Trans Sat e a associação que reúne os profissionais e as empresas do setor em São José do Rio Preto/SP, a Apeti.

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