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Os custos econômicos do congestionamento
A cidade de São Paulo representa 12% do PIB nacional e contém a sede de 60% das multinacionais estabelecidas no país. Em relação à economia paulista o município participa com 36% do PIB e 15% das exportações. No que se refere ao valor agregado estadual, seu setor de serviços contribui com 60% e a indústria com 39%.
O peso econômico de São Paulo faz do município o principal “motor” da economia brasileira. Fenômenos que afetam a atividade produtiva da cidade impactam em grande magnitude na competitividade do Estado e do país. Um grave problema que chama a atenção refere-se ao custo crescente que a crise no trânsito impõe ao setor produtivo.
O trânsito paulistano se tornou uma calamidade que vai além do estresse diário que causa no cidadão. As horas diárias perdidas nos engarrafamentos, que com freqüência ultrapassam 200 km, implicam em custos bilionários que estão sendo objeto de estudo.
Entre fevereiro de 2003 e fevereiro de 2008 a quantidade de automóveis em São Paulo aumentou 768.931 unidades; 12.815 novos carros todo mês ou 427 por dia. Quando se considera no mesmo intervalo de tempo a frota total (carros, motocicletas, caminhões, utilitários e outros) observa-se um crescimento de 1.213.935 veículos, equivalente a 20.232 por mês ou 674 a mais por dia na frota paulistana, que cresceu em média 5% ao ano.
Mas a infra-estrutura viária não foi capaz de atender essa expansão.
O modelo viário do município privilegia há décadas grandes e caras obras, que hoje apenas transferem pontos de congestionamentos para alguns metros adiante. São Paulo precisa de uma nova concepção viária, que invista na revascularização do trânsito.
Um exemplo disso seria a construção de pontes sobre os rios Pinheiros e Tietê. Se os quase R$ 3 bilhões gastos nos túneis Ayrton Sena, Jânio Quadros, Rebouças, Faria Lima e na ponte estaiada do Real Parque tivessem sido utilizados para construir 80 pontes com 3 vias em cada sentido, como existem em profusão na Europa, a cidade teria menos congestionamentos.
A lógica que prevaleceu nos últimos anos é a das grandes obras, caras e ineficientes. A cidade está prestes a parar de vez por conta da combinação da precariedade dos sistemas viário e de transporte coletivo com o aumento acelerado da quantidade de carros.
O custo que essa situação impõe é espantoso. Eles podem ser classificados em dois tipos: o tempo ocioso das pessoas no trânsito e os gastos pecuniários impostos à sociedade.
O primeiro tipo é um conceito econômico chamado de “custo de oportunidade”. Considerando os períodos críticos dos congestionamentos e o custo da hora de trabalho em São Paulo, esse valor hoje é de R$ 26,8 bilhões. Há quatro anos era de R$ 15,4 bilhões.
Quanto ao custo pecuniário, ele deriva de uma comparação entre o trânsito fluindo e congestionado. Consideram-se os gastos com combustíveis pelos veículos, o impacto dos poluentes na saúde da população e o aumento no custo do transporte de carga. O resultado foi um custo superior a R$ 6,5 bilhões por ano. Há quatro anos ele era de R$ 5,3 bilhões.
Ademais, os custos se mostram crescentes e causam impacto negativo na estrutura econômica da cidade e do país, na saúde das pessoas, no bolso do cidadão e na qualidade de vida da população.
Marcos Cintra
Opinião Econômica
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