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A importância das competições de planos de negócios
Tenho visto com uma freqüência cada vez maior, seja por iniciativas de universidades, de instituições privadas ou organizações sem fins lucrativos, o anúncio de competições de planos de negócios, com diversas nomenclaturas, como desafio de inovação, concursos de idéias, jogos de empresas, entre outros, mas com a mesma essência: Promover a estruturação de boas e inovadoras idéias de negócios.
Da mesma forma, tenho também ouvido muitos comentários desabonadores sobre este tipo de iniciativa. Há muita facilidade de se entrar em conflitos de interesse entre as partes envolvidas: A universidade quer estimular o aprendizado multidisciplinar; As empresas querem boas idéias a custo baixo: Os alunos e competidores querem o prêmio e a visibilidade. Isso sem contar as motivações políticas, interesses pessoais e benefícios para a sociedade de uma forma geral.
A despeito destas críticas, com minha experiência em participação deste tipo de competição, acredito ter autoridade suficiente para usar este espaço e esclarecer os benefícios de uma competição de planos de negócios bem estruturada, séria e pautada por objetivos bem definidos, principalmente no meio acadêmico, mas válido também para iniciativas similares dentro de grandes organizações:
1) O exercício de escrever um plano de negócios é muito rico. O participante tem a oportunidade de colocar no papel os fundamentos de uma idéia de negócios, englobando o lado estratégico, operacional, financeiro, mercadológico e técnico. Colocando, sob uma mesma perspectiva, todos os componentes integrados de um negócio que precisa ser bem planejado para ser bem sucedido.
2) Dificilmente uma pessoa sozinha consegue escrever um bom e completo plano de negócios, principalmente porque a diversidade de temas relacionada a um negócio é tão ampla que é necessário um verdadeiro trabalho em equipe para um bom resultado. Aprender a trabalhar em equipe é uma necessidade e uma oportunidade de aprendizado. Da mesma forma, aprender a administrar o tempo, estabelecer prioridades, buscar informações, organizar dados, são outras habilidades desenvolvidas.
3) Independentemente de ter conhecimento e experiência no tema, quem escreve um plano de negócios não detém todas as informações necessárias. O contato com outras pessoas, especialistas em suas áreas de atuação, obriga o empreendedor ou o aluno a abrir contatos e ampliar seu network. Quem não sabe fazer isso, acaba tendo que aprender ao escrever seu plano de negócios. Aprende a pedir ajuda.
4) O objetivo de uma competição de planos de negócios é vender uma boa idéia. Este é o interesse comum de quem patrocina este tipo de evento. Neste sentido, escrever é apenas uma parte deste processo de venda. Boas competições fazem com que os times apresentem pessoalmente suas idéias. E aqui estão outras excelentes oportunidades de aprendizado.
5) Pitching. Não conheço uma expressão em português que melhor traduza o ato de ‘vender uma idéia pelo discurso’ do que o pitching. A equipe tem 10 a 20 minutos para apresentar sua idéia a uma banca avaliadora que pode ser formada por juízes, empreendedores, consultores, professores ou executivos. Escolher exatamente como usar o tempo disponível para despertar o interesse da banca é uma arte que se adquire com a prática. As competições são ótimas para praticar esta competência.
6) Já falei sobre a rede de relacionamentos para escrever o plano. Uma outra rede tão importante quanto essa é a da banca de juízes. Por estarem na área, por serem avaliadores profissionais, o feedback deles é muito importante. Nenhuma competição de planos de negócios com o objetivo de aprendizagem – como o das universidades – pode deixar de prover este feedback aos alunos.
7) Conseguir um apoio, seja por meio de investimentos, parcerias ou clientes, é outro tipo de network importante construído nestas competições. Despertar o interesse dos juízes pode ser bom para vencer a competição. Porém conseguir chamar a atenção de alguém que possa ajudar a colocar o projeto de pé pode ser até mais importante e valioso do que ganhar a competição.
8) Passar pela experiência completa de escrever o plano, apresentá-lo e defendê-lo perante os juízes é uma oportunidade de desenvolver competências de dificilmente seriam desenvolvidos de outra forma. Quem participa destas competições sai com muito mais preparo, auto-confiança, assertividade, segurança, desenvoltura e fluência.
9) Preparo para o negócio. Uma hora, o plano vai deixar de ser plano para se tornar realidade. Ter passado pela sabatina gerada por uma competição de planos de negócios deixa o empreendedor mais esperto, preparado e atento na hora de executar o plano. Um bom orientador e uma boa banca de juízes vão testar pontos importantes da idéia de forma que sua implementação seja mais fácil e que os riscos e restrições sejam identificados logo.
10) O contato com outros competidores também é valioso. Não só pela possibilidade de conhecer gente interessante e útil para seu negócio, mas, sobretudo, para comparar seu desempenho com os vencedores, saber que tipo de idéia está sendo gerado, trocar experiências sobre a competição e explorar todas as formas para aprender com eles.
Acabo de voltar do Canadá, onde acompanhei uma equipe do Ibmec São Paulo no Stuart Clark Venture Challenge 2008 em Winnipeg, promovido pela Universidade de Manitoba. O feedback dado pelos juízes de lá e a comparação de nosso desempenho com outras escolas americanas e canadenses atestam que podemos ser muito competitivos. Basta aprendermos a cumprir a parte técnica, valorizarmos esta forma de aprendizado e termos vontade de superar as dificuldades e limitações impostas pelo nosso contexto cultural que não favorece este tipo de iniciativa de forma mais abrangente e marcante.
Para saber mais:
Latin Moot Corp
GV Intel
Best Business Planning JCI
Desafio Empreendedor Telefônica
Prêmio Santander Banespa
Prêmio Empreendedor TIC Americas
Desafio Sebrae
Global Moot Corp
Stuart Clark Venture Challenge Competition
Empreenda 2008 (interno Ibmec São Paulo)
Marcos Hashimoto
Gestão de Negócios
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