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Quinta-feira, 22 de outubro de 2009

O turismo e os impostos

O turismo é uma das atividades que mais crescem no mundo, representando atualmente um meganegócio que responde por 10% do PIB mundial e que gera cerca de 200 milhões de empregos. A expectativa é que o setor continue se expandindo de modo robusto. A projeção da Organização Mundial de Turismo (OMT) é que o atual número de turistas internacionais na casa dos 900 milhões por ano chegue a 1,6 bilhão em 2020.
O turismo tem sido visto cada vez mais pelos gestores públicos como um fator de desenvolvimento econômico. É um segmento que se tornou estratégico para muitas nações e muitas delas inseriram essa atividade como elemento fundamental para promover a geração de empregos e de renda. Cabe destacar dois países que incluíram ações de incremento ao turismo em suas agendas e vêm atraindo um número crescente de visitantes. Entre 2006 e 2008 a Ucrânia e a Turquia aumentaram a recepção de turistas de 19 milhões para 25 milhões cada uma e ficaram entre os 10 principais destinos do mundo, retirando a Rússia e a Áustria dessa lista.
Depois do México, que recebe quase 23 milhões de turistas durante o ano, o Brasil é o principal destino de estrangeiros na América Latina, com pouco mais de 5 milhões de visitantes. O contingente de viajantes internacionais no território brasileiro mais do que dobrou entre meados da década de 90, quando foram registrados 2 milhões de pessoas, mas o potencial do país ainda é pouco explorado dada sua diversidade de atrativos naturais.
O Brasil será palco de dois grandes eventos esportivos em 2014 e 2016 que devem servir para divulgar o país. A Copa do Mundo e as Olimpíadas vão atrair um grande fluxo de turistas estrangeiros e a organização desses eventos deve ter como meta o retorno deles no futuro e que eles façam “propaganda” do nosso país ao redor do mundo.
Um dos setores que mais chamam a atenção na área do turismo é o de hotelaria por conta do seu grande potencial de geração de empregos. A perspectiva em termos de expansão do segmento é positiva para os próximos anos, mas há um fator que limita a atividade dos hotéis que é o alto peso dos impostos. Uma redução da carga tributária poderia reduzir os preços das diárias e aumentar a oferta de empregos no setor.
Nesse sentido há o projeto do Imposto Único (PEC 474/01), que proporcionaria uma redução na carga de impostos dos hotéis de cerca de 36% para 14,5%, ou seja, uma queda de 60%. O setor deixaria de recolher tributos como, por exemplo, Imposto de Renda, CSLL, ISS e os 20% do INSS incidentes sobre a folha de salários e pagaria apenas 2,81% sobre suas movimentações financeiras nas contas-correntes bancárias. Só o fim do INSS patronal já acarretaria uma substancial redução nos custos dos hotéis porque o setor compreende uma atividade intensiva em mão de obra.
O Brasil precisa capturar boa parte dos 700 milhões de novos viajantes estrangeiros como previsto pela OMT e, desta forma, gerar um fluxo crescente de divisas para o país. Com menos impostos os hotéis poderiam praticar preços menores e, com isso, atrairiam mais turistas. A diminuição da carga tributária através do Imposto Único sobre as movimentações financeiras seria determinante para se atingir este objetivo.

Marcos Cintra

Marcos Cintra Opinião Econômica

58, doutor pela Universidade Harvard, professor titular e vice-presidente da FGV, é secretário das Finanças de São Bernardo e autor de "A verdade sobre o Imposto Único" (LCTE, 2003). Escreve às segundas-feiras, a cada 15 dias, nesta coluna.

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